Um Sousão… e as Talhas de regresso à Herdade Grande. 25 anos depois! – Mariana Lança.

Eis uma forma extraordinária, emocionante até, de começar o ano! Organizando mais um evento Herdade Grande, para os nossos parceiros e amigos, e, ao mesmo tempo, anunciando vinhos muito especiais, que no fundo, representam o experimentalismo e a tradição que sempre definiram a nossa herdade. Neste início de 2020, para iniciar a celebração do centenário, é com muito orgulho que anunciamos um improvável Sousão… e o regresso do mítico Vinho de Talha, à imagem do que de mais genuíno se fazia em Vila de Frades e cá por casa!

É verdade, as talhas da nossa família não se enchiam há 25 anos, desde os últimos anos de vida do avô Eduardo, quando as novas tendências fizeram a tradição dos potes de barro cair em desuso. Agora, à entrada do Centenário, as talhas recuperaram-se. Procedeu-se à sua impermeabilização – a chamada Pesgagem, com pez, um composto com resina de pinheiro – e assim ficaram preparadas para receber as uvas da colheita 2018.

Uma tradição que a família fez questão de recuperar, como tributo ao nosso Centenário e a pessoas como o meu avô e o meu bisavô, fundadores da Herdade Grande e grandes entusiastas destes vinhos. E assim criámos as condições necessárias, com o apoio técnico da nossa enologia,  para chegar a estes vinhos que o nosso enólogo, o Diogo Lopes, apresenta:

Herdade Grande Amphora Branco 2018: “É um talha puro, de fermentação em curtimenta, na Talha, como se fazia antigamente. Selecionámos uvas de vinhas mais velhas, entre as castas Antão Vaz, Perrum e Roupeiro, e também algum Alvarinho, que entraram em simultâneo nas talhas, para fermentação com as leveduras indígenas. Procedemos ao removimento das massas, em busca da extração das películas, e interrompemos o processo em novembro, procurando um compromisso que garantisse rigor e distinção ao vinho. O resultado é um branco cheiro de carácter, com bastante boca, devido à fermentação com as películas. No nariz tem a nota resinosa do pez e do pinheiro, que lhe confere autenticidade e pureza. É um branco com tanino, muito rico e volumoso na boca”.

Herdade Grande Amphora Tinto 2018: “Este é um tinto que, em termos de processo, passa apenas pelo estágio no barro. Resulta de um lote de castas portuguesas (Tinta Grossa, Tinta Caiada e Touriga Franca) que, depois da fermentação em lagares de inox, faz um estágio nas talhas, em busca do lado mais terroso. No final, torna-se um tinto muito interessante, sem a maquilhagem da madeira, com os taninos muito arredondados, muito apetecível e guloso”.

Além da tradição, o tal experimentalismo. Por isso aparece uma novidade, um novo monocasta, o Herdade Grande Sousão 2017, um vinho improvável no terroir da Vidigueira, mas com um resultado que nos entusiasma

Herdade Grande Sousão 2017. “O trabalho de novas castas sempre apaixonou a família Lança e o Sousão é o mais recente exemplo da inspiração de António Lança, na procura de novas expressões para o terroir. Depois da colheita, na altura da fermentação nos lagares, a casta perfumava toda a adega! A variedade tem uma acidez natural mais elevada, pelo que procurámos prolongar a maturação até um tempo ideal, em busca da graduação e do açúcar que nos interessava. Resultou um grande vinho, concentrado, com carácter, tão rico que deixa a madeira (estágio em barricas novas) impor-se apenas ao ponto certo”.

As novidades aí estão. Esperamos que gostem!

O obrigado a todos pela presença em mais um evento! É sempre um orgulho receber-vos!

Mariana Lança